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Luiz Curinga

O DAAE é nosso? Mas desde quando?

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Rio Claro vive dias de intensa mobilização política com a votação do Projeto de Lei nº 099/2024, que propõe transformar o DAAE (Departamento Autônomo de Água e Esgoto) em uma empresa pública, com possibilidade futura de se tornar uma sociedade de economia mista. Mas o que chama mais atenção nessa história não é exatamente o mérito do projeto, e sim a união inusitada entre direita e esquerda para combatê-lo.

O que faz a direita, sempre tão liberal, defensora do livre mercado e da terceirização de serviços públicos, agora levantar a bandeira do estatismo e bradar aos quatro ventos: "O DAAE é nosso!"? Faltaram à aula sobre liberalismo ou estão apenas encenando o clássico jogo da oposição do "quanto pior, melhor"? Afinal, o projeto não fala em privatização, não entrega o DAAE para uma multinacional, não terceiriza completamente os serviços. Ele apenas abre caminho para investimentos privados mantendo o controle da prefeitura. Mas isso não importa, porque é ano pré-eleitoral e a coerência ideológica fica para depois.

Do outro lado, temos a esquerda, que agora se desespera para defender a água como patrimônio do povo, mas que, quando governava Rio Claro sob o MDB e o PT, não moveu uma palha para reverter a PPP do Esgoto. Se a lógica agora é proteger o saneamento de mãos privadas, por que não houve o mesmo empenho no passado recente? Por que só agora esse discurso ganhou força?

A audiência pública realizada na última terça-feira (11) foi um verdadeiro espetáculo. Populares, servidores e políticos de todas as vertentes se uniram contra o projeto, transformando a sessão em um campo de batalha ideológica onde, ironicamente, os adversários históricos se tornaram aliados. O que une essa frente ampla contra a proposta? Uma genuína preocupação com o futuro do saneamento ou apenas o desejo de marcar posição contra o governo municipal?

O secretário-adjunto de Justiça, Gustavo Barbosa, e o superintendente do DAAE, Leandro Tresoldi, tentaram explicar o projeto, enfatizando que ele não se trata de privatização e que a prefeitura manteria o controle acionário. O exemplo do Banco do Brasil foi citado para ilustrar como uma empresa de economia mista pode operar sob domínio público sem comprometer seu funcionamento. Mas os argumentos foram recebidos com desconfiança e até mesmo desprezo.

No fim das contas, fica a pergunta: por que direita e esquerda estão tão empenhadas em defender algo que, em seus respectivos momentos de poder, não pareciam se importar tanto? Talvez porque, no jogo político, ser contra seja mais lucrativo do que ser coerente. Alguma coisa errada não está certa, e quem paga essa conta é sempre a população.


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